Como é que ele foi capaz de me fazer isto? O meu noivo, Jõao, disse expressamente que não queria casar comigo, pois eu não sirvo para nada, e que tinha de deixar a casa naquele momento. Claro que desatei a chorar, mesmo por ter sido esculhido pela minha família, eu amava-o... mas parece que os meus sentimentos não são mútuos... Peguei em todas as minhas coisas, fiz a mala e sai daquela casa, que em breve seria minha.
Assim que sai da casa precebi que não sabia para onde haveria de ir, não tinha coragem de ir para casa dos meus pais e dizer que João não me quis, seria uma vergonha, para mim e para os meus pais, por isso decidi ir até à cidade mais próxima, arranjar um emprego e ficar numa pensão.
Assim que cheguei à cidade, a maior parte das pessoas que passavam na rua as oito horas e vinte cinco minutos da manhã eram apenas homens. Eles olhavam para mim e assobiavam, e lagrimas vinham-me as olhos, não sei o que fiz de errado na casa do João... Mas algo aconteceu, e por isso estava ali na rua sozinha, a chorar, com uma data de homens a assobiarem-me como se fosse uma dessas que anda na rua a ganhar dinheiro.
-Parem com isso!! - disse um rapaz atrás de mim - Não vêm que a senhora está a chorar?
Todos os homens de calaram, apenas trocaram olhares medrosos entre si. Eu olhei para trás e um rapaz de tez branca, uns olhos azuis turbulentos como o mar mas suaves como o céu, e um cabelo louro sorria para mim. As suas vestes eram de nobre, e precebi que podia confiar naquele rapaz, que parecia ter uns dezanove anos. Este avançou na minha direcção, eu baixei a cabeça assim que me senti-me a corar.
- O que faz uma rapariga bela, a chorar, e de malas nas mãos, sozinha na rua a estas horas? - perguntou com um sorriso reconfortante
- Não... - a minha voz saiu-me rouca por isso aclarei-a - Não tenho para onde ir.
- Como se chama?
- Constança Milton - disse
- O quê?! - gritou um dos homens - A filha mais nova dos Miltons, da produção de café? Mas ela não estava em negociações com os Sousa?
- Sebastion! - voiciferou o rapaz - Despedido!
- Sim, senhor. - disse o homem parando de trabalhar e desaparecendo estre as casas.
- É um prazer conhecê-la! - disse o rapaz fazendo uma vénia respeitadora - Se quiser pode ficar em minha casa, com a minha irmã e a minha mãe.
- Isso seria fantástico! - disse, e derepente parei para pensar porque é que estava a aceitar ir para casa de um desconhecido - Humm... Como se chama?
- Salvador Guilter.
Guilter, a familia que controla o monopólio do vinho. Lembro-me perfeitamente dos meus pais falarem dessa família, e até tentarem que eu conhece-se o rapaz mais novo da família, mas ele não quis, pois já estava comprometido... Então este devia ser o rapaz.
- Muito prazer - disse calmamente, fazendo uma vénia.
Salvador veio na minha direção, e pegou nas malas que estavam pousadas no chão, e começou a andar, em frente, e eu segui-o .
- Você é a rapariga mais nova dos Milton? - Perguntou após uns minutos de silêncio.
- Sou sim. - respondi envergonhada - pode-me tratar por tu, se faz favor?
- Está bem... - disse o rapaz um pouco à nora - Sendo assim trata-me também por tu.
Eu acenei com a cabeça. Mas o que raio estava eu a fazer? Estava a ir para a casa de um homem casado, ia-me meter num grande sarilho. Os meus pais... eles iriam ficar desgostosos comigo. Meu Deus! E agora quem quereria casar comigo?